Cultivar com Cristo nossas almas
Feliz 2024! Neste primeiro mês do ano, trazemos uma reflexão de Santa Teresinha1 na qual ela nos ensina a ajudar Cristo no cultivo de sua obra em nós. Precisamos crescer na santidade, dar frutos! Para isso, tomemos a imagem de uma criança que, com facilidade, se deixa ser guiada, educada. Vivamos todo este ano guiados pela mão do Bom-Pastor, nosso Mestre e Senhor, que nos forma à sua imagem e semelhança. Contemplemos sua vida, seu testemunho e o imitemos; escutemos sua Palavra e coloquemo-la em prática; celebremos sua vida na Sagrada Liturgia e vivamos dele e para ele.
Que as bênçãos que nos vêm da Celebração da Encarnação do Senhor produzam em nós abundantes frutos, nos façam crescer em sabedoria e graça até chegarmos à sua estatura.
“Antes de deixar o mundo, o bom Deus me deu a consolação de contemplar de perto a interioridade das crianças. Sendo eu a mais nova da família, jamais havia tido esta felicidade. Eis as tristes circunstâncias que me levaram a esta experiência: uma pobre senhora, parente de nossa empregada, morreu na flor da idade, deixando três crianças pequenas. Durante a sua doença, acolhemos em casa as duas meninas, a mais velha das quais ainda não tinha chegado aos seis anos. Eu me ocupava do cuidado delas durante todo o dia, e sentia uma grande alegria ao ver com quanta candura acreditavam em tudo aquilo que lhes dizia.
O Santo Batismo deve colocar nas almas um germe muito profundo das virtudes teologais (fé, esperança e caridade), pois já se revelam desde a infância, e a esperança dos bens futuros é suficiente para fazer aceitar os sacrifícios.
Quando queria ver as minhas duas meninas em paz entre si, em vez de prometer brinquedos e bombons àquela que renunciasse sua vontade, falava das recompensas eternas que o Menino Jesus daria no Céu às boas crianças.
A mais velha, cuja inteligência começava a desenvolver-se, me olhava com olhos esplendentes de alegria, me fazia mil perguntas encantadoras sobre o Menino Jesus e o seu Belo Céu, e me prometia entusiasmada que sempre abriria mão de sua vontade e que jamais esqueceria aquilo que lhe havia dito “a grande senhorita”, pois era assim que me chamava.
Vendo de perto estas almas inocentes, compreendi que era uma infelicidade não as educar bem desde o despertar da razão, quando elas se assemelham a uma cera mole pronta a receber as marcas das virtudes ou dos vícios. Compreendi o que disse Jesus no Evangelho: “Que é preferível ser lançado ao mar do que escandalizar um só desses pequeninos”. Ah, quantas almas chegariam à santidade se fossem bem conduzidas!
Eu sei que o bom Deus não precisa de ninguém para realizar a sua obra, mas assim como permite a um hábil jardineiro cultivar plantas raras e delicadas, e lhe dá, para isso, o conhecimento necessário, reservando para Si mesmo o cuidado de fecundá-las, assim Jesus quer ser ajudado no trabalho divino de cultivar as almas.
O que aconteceria se um jardineiro inexperiente não enxertasse bem as suas
plantas? E se não soubesse reconhecer a natureza de cada uma e quisesse fazer brotar rosas em um pé de pêssego?… Faria morrer a árvore que ainda estava boa e capaz de produzir frutos.
Daí é preciso saber reconhecer desde a infância aquilo que o Bom Deus pede às almas e colaborar com a graça, sem jamais querer ir à frente dela ou reduzir a sua ação.
Como os passarinhos aprendem a cantar escutando os seus pais, assim as crianças aprendem a ciência das virtudes, o canto sublime do Amor Divino, ao lado
de almas encarregadas de formá-las para a vida.“
PARA REFLEXÃO :
① O que devo fazer para com Cristo cultivar o jardim do meu coração e dar frutos de
santidade?
② Que recompensas o Senhor reserva para quem nele crê e espera e o ama?
③ Com a vida que levo, posso formar os outros para a virtude ou para a imperfeição. O
que estou ensinando com meu modo de viver?
- Meditazioni quotidiane com i santi del Carmelo, La fertile montagna, Roma, Edizione OCD, 2000, p. 45-47 (tradução nossa). ↩︎