FOLHETO MENSAL DE ESPIRITUALIDADE CARMELITANA
JESUS É O IDEAL
O Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia! Feliz Páscoa a todos! Iluminados pela presença do ressuscitado somos chamados a continuar a caminhada de fé, renovados naquele que é nossa meta, nosso ideal de vida: Jesus Cristo. Trazemos neste mês um texto composto por trechos de duas cartas escritas1 por Santa Elizabete da Trindade a uma amiga e dirigida espiritual sua, Francisca de Sourdon. Nelas, irmã Elizabete orienta sua amiga a buscar Cristo, o único verdadeiro ideal de vida, o “Divino Ideal”. Suas palavras não são vazias, pois brotam de uma profunda experiência com Jesus no Carmelo. É importante destacar que, para conhecer o Divino Ideal, é fundamental entregar a Ele o coração. Leiamos sem pressa e com a tenção.
“Minha querida Francisquinha, tenho sempre presente a tua longa carta que me escreveste antes da tua partida. Eu a li e reli pedindo ao Divino Ideal que cative e abençoe este teu coraçãozinho que Ele busca e abraça, mas que quer fugir d’Ele para viver em coisas tão inferiores ao fim para o qual foi criado e posto no mundo.
Compreendo, minha pequena Francisca, que tu precisas de um ideal, de algo que te rapte para fora de ti mesma e te eleve para o alto. Mas, atenção! Ideal só mesmo um: é Ele o único verdadeiro.
Ah, se tu também O conhecesses só um pouco como a tua Bete. Ele fascina, conquista. Debaixo do seu olhar, o horizonte torna-se tão belo, tão vasto, tão luminoso! Acredite em mim, eu O amo apaixonadamente e n’Ele tenho tudo. É através d’Ele, do reflexo da sua luz, que devo enxergar todas as coisas, ir a tudo.
Queres, então, minha querida dirigir-te comigo a este sublime ideal? Não é um faz de conta, é uma realidade; é a minha vida no Carmelo. Olha para Madalena: não foi também ela cativada pelo ideal? Já que tens necessidade de dar um sentido maior à tua vida, viva n’Ele. É tão simples!
Passei uma belíssima quaresma. De tudo o que vi no Carmelo nada é mais belo que a Semana Santa e o Domingo de Páscoa. Diria também que é algo “único”. Quando nos reencontrarmos, te contarei tudo. Como se é feliz, minha cara, quando se vive na intimidade com o bom Deus, quando se faz da própria vida um face-a-face com Ele, uma contínua troca de amor, quando se sabe encontrar o Mestre no fundo da própria alma. Então não se é mais solitário, se sente a necessidade da solidão para gozar da presença do Hóspede adorado.
Olha, minha querida Francisquinha, tu precisas dar ao Senhor o lugar que pertence a Ele na nossa vida. O lugar é o teu coração, tão amoroso e tão apaixonado, feito por Ele. Se tu soubesses como Ele é bom, como é todo amor! Eu peço a Ele que se revele à tua alma, que seja o amigo que tu podes sempre encontrar. Com Ele tudo se ilumina e é tão belo viver! Não quero te fazer uma pregação, minha querida. É que o meu coração, transbordante, se derrama no teu coração para que unidas possamos nos perder naquele que nos ama, como diz São Paulo, “com um imenso amor” (Ef 2,4). “
- Meditazioni quotidiane con i santi del Carmelo, La fertile montagna, Roma, Edizione OCD, 2000, p. 237s (tradução nossa). ↩︎