Partilha Vocacional

(Margarida, OTC)

Na comemoração do Ano Vocacional Carmelita, apresentamos mais uma partilha vocacional. Desta vez, a da irmã Margarida, membro da Ordem Terceira do Carmo de Sergipe, Sodalício Senhor dos Passos.

Meu nome é Margarida. Eu moro no Povoado Rita Cassete, São Cristóvão/Se. Minha experiência no Carmelo começou anos atrás com os frades carmelitas residentes na cidade de São Cristóvão. Os frades jovens iam todo final de semana fazer pastoral. Então, no sábado, eu me organizava com a minha comunidade para recebê-los. Sempre iam dois frades. Era um final de semana com atividades de visitas e momentos celebrativos na igreja ou nas casas das famílias. As visitas eram muito significativas.

Todos os anos recebíamos um novo grupo de noviços.  Mas, em 2010, houve um que marcou, levando-me a conhecer mais o Carmelo. Eram jovens desejosos de aprender, partilhar e viver a sua vocação em nossa comunidade. Visitávamos as famílias, celebrávamos juntos o Ofício de N. Sra. do Carmo, e tudo isso ia me cativando.

Essa turma fez a sua primeira profissão e aconteceu de continuar morando em São Cristóvão e estudando a Filosofia em Aracaju. Nessa época eu fui convidada por um dos frades para cantar nas missas, às quartas-feiras, na Igreja do Carmo. Fiquei receosa, mas abracei o desafio. Eu disse: “eu vou!” Com isso eu ia me envolvendo mais e mais com Carmelo. Eles sempre me convidavam para participar dos eventos. Senti fortemente o desejo de me aprofundar no Carisma Carmelitano.

Então um dos frades me questionou: “Por que você não entra na Ordem Terceira do Carmo?”  Perguntei: “Ordem Terceira, o que é isso?” Eu nem sabia o que era a Ordem Terceira.  Eles me explicaram que era um grupo de leigos que fazem parte da Família Carmelita e que moram em suas casas.  Aí fui apresentada ao diretor espiritual da Ordem Terceira, que me apresentou ao Prior. Fui, então, conhecer essa Ordem.

Nas primeiras reuniões me sentia como um peixe fora d’água, mas depois fui me entrosando. Lembro que começamos frequentando os encontros em São Cristóvão, depois precisamos ir para Aracaju/Se. Eu tinha de me acordar às quatro da manhã para pegar o transporte e chegar a tempo. Mas sempre estava lá, uma vez por mês. E assim o tempo foi passando. Fiz o aspirantado. Quanto mais bebia da fonte do Carmelo, queria beber mais ainda.

É claro que sempre encontramos dificuldades no caminho. Muitos questionavam o porquê dessa minha escolha. Diziam que era perda de tempo. Pensavam que eu ia deixar meus filhos e ser freira. Fiquei triste com muita gente. Mas dizia a elas que se elas gostavam de mim deveriam ficar felizes com a minha escolha, pois eu estava feliz no Carmelo.

Passei para o postulantado, noviciado e fiz os votos simples, maravilhada, porém encontrando pedras no caminho. Às vezes me sentia angustiada e pensava em desistir. Mas algo mais forte me segurava… O servir, o estar no convento, o estar próxima aos frades e aos meus irmãos… Eu já me sentia parte da família. E sempre tinha a oportunidade de estreitar os laços com o Carmelo.

Quantos momentos significativos na minha história!… Cantar no Carmelo é especial: as músicas carmelitas mexem muito comigo, as letras são belíssimas, me levam a Deus.  As semanas de espiritualidade são riquíssimas, os retiros, as missões…

O tempo passou fiz a profissão solene. Amo estar com os frades e com os irmãos terceiros. Cada coisa que faço é com muito amor, muito zelo, muita dedicação. Se Deus me chamou ao Carmelo não é por acaso. Tudo tem um propósito de Deus. Eu me sinto uma vitoriosa, uma privilegiada por poder ter conhecido e fazer parte da família carmelita. Amo de paixão e sou feliz. Não tenho muito dons para servir, mas os dons que me Deus eu procuro colocar em prática. Amo todos, sem exceção, e tento servir a todos, pois todos somos irmãos. O bonito no Carmelo é viver em Obséquio de Jesus Cristo: foi isso que aprendi no início de minha formação. A vida é difícil, mas com Jesus e Maria a vida se torna mais leve. Quanto mais a gente bebe da fonte carmelita, mas quer beber. Quando mais a gente conhece o Carmelo mais quer conhecer.

"Deus é comunicativo" (Sta. M. Madalena de Pazzi, O.C)
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