O Escapulário e a esperança
No mês em que celebramos Nossa Senhora do Carmo, trazemos um trecho de uma conferência do Pe. Bartolomeu Xiberta, O.C, dirigida a monjas carmelitas sobre o Escapulário do Carmo1. O Escapulário do Carmo, no qual estão depositadas promessas de salvação, nos ajuda a desenvolver plenamente a vida cristã através da virtude da esperança, sem a qual não poderíamos nos empenhar para seguir a Cristo, enfrentar os desafios e perseverar na caminhada para alcançar os bens prometidos pelo Senhor. A Mãe do Carmelo nos ajude a viver esta virtude no seguimento ao seu Filho.
“A devoção ao santo Escapulário do Carmo promove a plenitude da vida cristã porque promove também, de um modo extraordinário, a virtude da esperança. Isto é evidente, basta recordar as duas grandes promessas feitas pela Virgem àqueles que o vestem. (…)
Visto superficialmente, há quem diga que é o contrário. Há quem teme que acentuando em demasiado a esperança, o homem diminua aquele espírito de vigilância, próprio da vida espiritual, ou que confiando no auxílio da graça se despreocupe da prática das boas obras.
Nada disso. A esperança, se realmente é esperança em Deus (…), é um estímulo necessário para a vida cristã.
Nossa vontade se move necessariamente para o bem. O homem deve trabalhar em vista de um bem que não possui ainda, um bem que há de conseguir mediante um esforço duradouro. Portanto, é necessário que tenha um vivo sentimento da possibilidade de alcançar aquele bem, do contrário não se decidirá a empregar os esforços requeridos para conseguir o bem desejado.
Imaginemos um náufrago que se sustenta com grandes fadigas em meio às ondas do mar. Se lhe dizes que está se aproximando um barco salva-vidas, o homem retirará forças de onde não tem. Pelo contrário, se lhe dizes que não há nenhuma perspectiva de salvamento, ele se deixará ser levado pelas ondas.
Muitos já viram enfermos que, sofrendo horrendamente, talvez devessem ser submetidos a uma intervenção cirúrgica não menos dolorosa. O que é que lhes dá coragem para suportar tais tormentos? Simplesmente a esperança da cura.
Pois bem, a vida cristã não é outra coisa que um caminho de padecimentos e esforços para alcançar a vida eterna. Ninguém como São Paulo, em sua carta aos Romanos, descreveu o estado de sofrimento em que se encontra a criação inteira esperando a libertação (Cf. Rm 8,19-22).
O cristão se encontra em uma situação em que deve viver dos bens futuros e privar-se dos presentes. O mesmo São Paulo diz que se não existissem os bens que esperamos, nós os cristãos seríamos os mais desgraçados de todos os homens (Cf. 1Cor 15,19). O que sustentaria o cristão no seu esforço por alcançar a vida eterna, se não existisse a esperança da possibilidade de consegui-la? Por isso a Sagrada Escritura continuamente insiste na esperança (1Jo 3, 2-3); 2Cor. 7,1).”
PARA REFLETIR: O Escapulário é uma veste dada por nossa Mãe do Céu e nos recorda o nosso batismo, no qual fomos revestidos de Cristo. Ela se preocupa com nossa salvação. Por isso disse a S. Simão Stock: “Quem morrer com este Escapulário, não experimentará a pena do fogo eternamente, e, se morrer com ele, será salvo”.
O Escapulário não é um objeto mágico. Quem crê, espera alcançar a salvação e pratica a caridade conserva seu Escapulário, ou seja, sua veste batismal, sendo fiel a Cristo até o fim da vida. Isto é o que significa “morrer com o Escapulário”. PERGUNTAS: 1) Uso o escapulário empenhando-me em viver os compromissos batismais? 2) Quero ser fiel a Cristo até o fim?
- Fonte: Xiberta, Bartolomé Maria. Charlas a las contemplativas, Editorial Karmel, Barcelona, 1967, p. 48ss ↩︎