O Dom do Espírito Santo
NO CORAÇÃO DO CARMELO, JUNHO/2025
Somos chamados a meditar sempre sobre o Espírito Santo na vida da Igreja. No mês em que celebramos Pentecostes, reflitamos com o carmelita espanhol Frei Bartolomeu Maria Xiberta, O.C1, sobre este grande mistério e peçamos que o Espírito santo nos renove.
Realmente é grande o mistério de Pentecostes. É o mistério da vinda do Espírito Santo e da sua morada permanente em nossas almas e em nossos corpos – já que nosso corpo é também seu templo, santificado pelo mesmo Espírito e simultaneamente é habitação da Santíssima Trindade.
Se vivêssemos atentos, nos daríamos conta de quão excelsa é a vida sobrenatural, em cuja comparação tudo o mais não vale a pena. Pensemos, é a própria Divindade que entra dentro de nós para dobrar suavemente nossa alma e provocar em nós obras divinas.

Deus cuida de nossa santificação à semelhança do cuidado que exerce sobre a beleza e a fecundidade da terra. A terra em si mesma é trevas e friagem. Abandonada a si mesma não seria outra coisa que uma massa glacial, sem luz e calor, incapaz de conter a vida. Apesar disso, junto à terra Deus colocou o sol, com sua imensa quantidade de luz e calor. E o sol recebeu a missão de comunicar luz e calor à terra.
Podemos supor que as reações que o sol provoca na terra são tais que a luz e o calor surgem do interior da própria terra? Nada disso! É o sol que manda seus próprios raios de luz e calor, e com eles a terra se torna bela e fecunda. A terra em si mesma continua sendo obscura e fria como se experimenta cada noite. Ao contrário, pelos raios solares, a terra é um encanto de beleza e fecundidade.
O mesmo, exatamente, acontece com nossa vida espiritual. De nossa parte temos mais trevas e frieza que a terra não teria caso fosse abandonada à sua própria sorte. Porém Deus, nosso Senhor, procurou que não nos faltasse luz e calor. Na ordem sobrenatural Deus nos envia seu próprio Espírito, para que penetre em nós e seja Ele luz e calor em
nós. Desse modo nossas almas se tornam belas e fecundas em boas obras, obras agradáveis aos olhos do próprio Deus. (…) Com a infusão do Espírito Santo, Deus cria na alma do cristão aquela fonte de água viva que mana até a vida eterna, como prometeu o Senhor (Jo 4,14).
A missão do Espírito Santo teve um início de grande intensidade ao descer no dia de Pentecostes sobre os apóstolos e discípulos reunidos com Maria Santíssima. Porém aquela missão, pela qual a igreja era instituída, foi somente o começo. Logo, o Espírito Santo continuaria descendo invisivelmente até a consumação dos séculos, já que sua presença é essencial para a vida da Igreja.
O Espírito Santo continua infundindo aquele carisma “melhor”, que São Paulo nos exorta a desejar acima de todos os demais dons: a caridade (1Cor 12 – 13). A caridade, unida à graça habitual (santificante), nos torna agradáveis aos olhos de Deus.
O Espírito Santo nos sustenta mediante os auxílios divinos da graça atual, constantemente renovada; nos infunde também as virtudes teologais e cardeais, habilitando-nos para operar com aquela perfeição que requer a mesma caridade. Acrescentam-se, ademais, os sete dons do mesmo Espírito Santo que nos mantém constantemente sensíveis às inspirações do mesmo Espírito. Finalmente, seus doze frutos que são como o desabrochar da vida sobrenatural sobre a terra, e certa antecipação da vida eterna.
PARA REFLETIR:
1) O que se celebra em Pentecostes?
2) Busco viver como filho(a) da luz, colaborando com a obra do Espírito Santo em mim?
3) Como o Espírito Santo age na vida da Igreja?
4) Tenho o costume de invocar o Espírito Santo? Quando?
- Bartolomé M. Xiberta, Charlas a las contemplativas,
Editorial Karmel, Barcelona, 1967, p. 187-195 ↩︎