Morrer com Cristo
Texto de Santa Edith Stein1
Cristo é Deus e homem e quem participa da Sua vida deve tomar parte no divino e no humano. Quem pertence a Cristo deve reviver toda a Sua vida; deve amadurecer e tornar um alter ego Seu [um outro Cristo] deve percorrer o caminho da crucificação, deve ir ao Getsêmani, deve subir o Calvário.
Todos os padecimentos que vierem de fora são um nada diante da noite escura da alma, quando não resplandece mais a luz divina e a voz do Senhor silencia. Deus está presente, mas escondido e silencioso. Por que isso acontece? São mistérios de Deus sobre os quais falamos e é impossível interpretá-los completamente.
A Cruz é símbolo de tudo aquilo que é difícil e que oprime, e assim contrário à natureza humana que, ao carregá-la, tem a impressão de caminhar em direção à morte.
A natureza humana, assumida por Cristo, deu a Ele a possibilidade de sofrer e morrer. A natureza divina, que era Sua desde toda a eternidade, deu aos sofrimentos e à morte um infinito valor e poder de redenção.
O sofrimento e a morte de Cristo continua no Seu corpo místico e em cada um dos Seus membros. Cada um de nós deverá sofrer e morrer. Mas quando um ser humano é parte viva do Corpo de Cristo, o seu padecimento e a sua morte tornam-se força de redenção, graças à condição divina do ato.
À luz do mistério da redenção (…) quem está ligado a Cristo poderá perseverar imperturbável também na escura noite da subjetividade do abandono, do distanciamento de Deus.
Chegar à ressurreição através dos padecimentos e crucificação é o caminho do Filho de Deus. Chegar ao esplendor da ressurreição através dos padecimentos e morte, acompanhados pelo Filho de Deus, é o caminho de todos nós, de toda a humanidade.
- In Meditazioni quotidiane con i Santi del Carmelo, Edizioni OCD, Roma, 2000, p. 188-189, tradução nossa. ↩︎ ↩︎