13 e 16 de maio, memórias que se encontram

Nos dias 13 e 16 de maio celebramos duas memórias, uma distante da outra, historicamente, mas que se encontram e se unem pelo conteúdo mariano-carmelitano de ambas. Comecemos pela mais antiga.

Dia 16 de maio recordamos a memória de São Simão Stock, santo cuja vida está associada a uma grande devoção mariana, o escapulário do Carmo. Segundo a tradição carmelitana Nossa Senhora do Carmo lhe apareceu entregando-lhe o escapulário como sinal do seu amor e de sua proteção.

De nacionalidade inglesa, fala-se dele em documentos antigos como tendo vivido no séc. XIII, na província de Inglaterra, e morrido em Bordéus. O seu nome tornou-se muito popular graças à oração “Flos Carmeli”, que lhe foi atribuída, e à grande difusão do Escapulário, em virtude da tradicional visão, acompanhada da grande promessa de Maria: ‘Este é o privilégio, que te concedo a ti e a todos os que o usarem: quem com ele morrer, não padecerá o fogo eterno, ou seja, será salvo’. Esta visão inspirou numerosos artistas a partir do séc. XV. É venerado na Ordem do Carmo pela sua grande santidade e sobretudo pela sua peculiar piedade para com a SS. Virgem, à qual recomendou a Ordem no meio das dificuldades com que esta, vinda da Palestina, deparou quando a sua chegada à Europa. O seu culto estendeu-se liturgicamente a toda a Ordem em 1564“.1

Passemos para a segunda comemoração. Dia 13 de maio celebramos o dia de N. Sra de Fátima. A Virgem Santíssima apareceu pela primeira vez aos pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, no dia 13 de maio de 1917, na Cova da Iria, comunicando-lhes uma mensagem de conversão e reparação para eles e para a humanidade inteira.

A Senhora lhes apareceu durante seis meses seguidos e na penúltima aparição prometeu-lhes vir como Nossa Senhora do Carmo:  “Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios…2

Sobre a aparição de 13 de outubro de 1917 diz a vidente irmã Lúcia:

“Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino pareciam abençoar o Mundo, com os gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia abençoar o mundo da mesma forma que São José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo3

A aparição da Virgem Maria em Fátima, revestida do hábito carmelita, vem, de certo modo, confirmar a visão e a mensagem dada a São Simão Stock. Ambas revelam o amor da Virgem Santíssima para com os seus filhos e filhas, a Mãe que se preocupa com a salvação de todos e deseja que todos se convertam e sejam salvos. O principal conteúdo dessas revelações é a recordação de que temos que corresponder ao amor salvífico do Pai, manifestado através do seu Filho e infundindo em nós pelo Espírito Santo. Os dois sacramentais destacados nestas visões são sinais dessa memória.

O escapulário do Carmo, destacado na visão de São Simão Stock, e o rosário, destacado na aparição em Fátima, são os dois sacramentais marianos mais conhecidos e propagados na Igreja. Que verdades eles nos transmitem? Que somos, pelo batismo, revestidos da vida de Cristo – verdade que o escapulário evoca – , é um convite a levarmos a sério nossa vida batismal, para que Jesus opere plenamente sua obra salvífica em nós. Que devemos meditar a vida de Cristo e trilhar os seus passos – verdade que o rosário evoca, é um convite a abrir-nos ao Espírito Santo que quer nos conformar à imagem de Cristo.

Celebremos a memória de São Simão Stock acolhendo o amor materno da Virgem Maria por todos os seus filhos e filhas e de um modo especial pelos que usam o santo escapulário, por meio do qual fazem parte da grande família do Carmelo. Revestidos do escapulário, o usemos não como um objeto mágico – o que ele não é – mas como um sinal de que somos amados por Deus e de que devemos nos comprometer com nossa salvação e a de nossos irmãos e irmãs.

Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!

São Simão Stock, rogai por nós!

Frei José Cláudio, O.C

  1. De uma liturgia das horas carmelitana ↩︎
  2. In: https://www.fatima.pt/pt/pages/narrativa-das-aparicoes ↩︎
  3. Ibidem ↩︎
"Deus é comunicativo" (Sta. M. Madalena de Pazzi, O.C)
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