Liturgia da ressurreição: fons et culmen vitae carmelitanae
Frei Davi Maria Santos, O.Carm1
Ad docendum Christi Mysteria2
Introdução
Para manifestar os Mistérios de Cristo, esta máxima patrística condensa numa pequena frase toda a vida de obséquio de Cristo no Carmelo, pois é precisamente para isso que o Carmelo existe: manifestar os Mistérios do Senhor por meio da vivência e testemunho de todos aqueles que professam a Regra do Carmo, seja pela vocação à vida consagrada/presbiteral como frades ou monjas ou pela vocação do sacerdócio batismal. Manifestar Cristo Jesus por meio de Seus Mistérios é próprio de quem se faz amigo d’Ele; visto que, apenas alguém que nos é íntimo ao coração pode falar exatamente como somos, neste sentido se fundamenta a vida e espiritualidade carmelita, na amizade com o Senhor Ressuscitado, num caminho de Cristo a Cristo (Cf: Gaudio, 2004), para assim tornar visível Seus Mistérios na Liturgia e na vida.
A Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo ou simplesmente Ordem dos Carmelitas, nasce no século XIII no Monte Carmelo em Jerusalém e guarda tradições litúrgicas muito antigas que com o decorrer dos séculos acabaram ficando esquecidas no que diz respeito ao rito; contudo, a beleza e a profundidade da espiritualidade litúrgica dos carmelitas precisam ainda mais ser redescobertas quanto à sua profundidade interior para uma melhor formação das futuras gerações, não apenas daqueles que pertencem à Ordem nos seus três ramos, mas de todo o povo de Deus, uma vez que a Liturgia não é propriedade de uma Ordem e sim da Igreja e muito pode colaborar para o crescimento espiritual do corpo místico. Deste modo, “é-nos recordado que a Liturgia é o meio mais importante com o qual exprimimos na nossa comunidade o Mistério de Cristo, dado que através dela ‘se realiza a obra da nossa redenção” (RIVC, n. 39).
Todo carmelita, assim como todo cristão, deve ser um buscador sedento do Absoluto, ou seja, de Deus que nos primeireia e vem ao nosso encontro. Assim, “a procura de Deus e o aprofundamento da sua presença acontecem também por meio da Palavra Divina lida na comunidade, sobretudo na Sagrada Liturgia, e ‘rezada’ na reflexão comum” (Thuis, 1983 a, p. 37), pois, da mesma forma como a corça suspira e deseja as águas correntes, assim nossa alma deseje a Deus (Cf: Sl 42, 2). Neste salmo encontramos a oração de um sedento pelo Absoluto, que em exilio de sua terra não deseja outra coisa que não seja o retorno à pátria para celebrar os louvores de Deus, da mesma forma suspira nossa alma pela habitação/comunhão com o Único Absoluto necessário de nossas vidas.
A busca por Deus na vida interior do Carmelo, tão rica e abundante para toda a Igreja, se torna expressa dentre as diversas formas também por meio de sua Liturgia que formou diversas gerações e tratou de plasmar no coração e vivência carmelitana um forte desejo de encontro com o Ressuscitado. O espírito ressurrecional da Liturgia do Santo Sepulcro foi o guia e mistagogo da Ordem que a levou a ser na Igreja, mestra de oração a tal ponto de ser afirmado a seu respeito: “não há membro na Igreja que não deva algo ao Carmelo” (Merton, 1955, p. 12). Tal afirmação antes de envaidecer aqueles que pertencem à Ordem, se torna um sinal de responsabilidade eclesial e pascal, uma vez que a Liturgia carmelita é chamada de Liturgia da Ressurreição.
O fascínio pelo Mistério de Deus levou os carmelitas de séculos passados a empreenderem um itinerário de busca que nascia na Liturgia, não como um mero aspecto rubricista, antes, como uma porta que não apenas conduz, mas que é o próprio Mistério se comunicando e revelando-se, nesse viés, a Ressurreição do Senhor ocupou/ocupa o centro de todo o desenvolver litúrgico de suas celebrações. Assim sendo, o fascínio por Deus e sua busca encontram na Liturgia a fonte donde emana toda a sua existência e o cume para onde voltam todas as suas ações.
É ainda do encontro com o Ressuscitado que deve nascer a força da profecia, pois sem este encontro, a profecia torna-se incapaz de se comunicar. Somente em Jesus Cristo Ressuscitado dos mortos encontramos razão e sentido de ser e viver autenticamente como cristãos, isto é, como seguidores do Senhor, dentro ou fora dos claustros do Carmelo. Por causa de Jesus Cristo é que nos fazemos peregrinos na subida do Monte para viver como ressuscitados, assim a cada passo nossa oração silenciosa deve ser, ecce adsum – Suspipe me! (eis-me aqui, toma-me).
1- A Liturgia no Carmelo
A Liturgia na vida do Carmelo se faz presente por meio de diversas maneiras, desde aquelas que são citadas na Regra, como a capela e reunir-se para a Eucaristia, horas canônicas, meditar dia e noite na lei do Senhor, até aquelas expressões herdadas no decorrer dos séculos, tais como a devoção a são José e ao Menino Jesus, e aquelas sãs manifestações da piedade cristã que muito enriquecem a vida carmelita, assim como também o amor à Virgem do Carmo tão presente e vivo entre o povo de Deus e a devoção a santa Teresinha do Menino Jesus, também conhecida como santa Teresinha das Rosas, entre outras tantas.
A regra dos carmelitas, escrita por santo Alberto, patriarca de Jerusalém, e legislador da Ordem, pede que a capela ou oratório seja construído entre as celas (os quartos), ou seja, em meio à habitação dos frades. É para a capela que eles devem espiritualmente estarem voltados e em algumas horas do dia para a oração da Liturgia das horas e a Eucaristia, “o oratório, conforme for mais cómodo, seja construído no meio das celas, onde todos os dias pela manhã vos deveis reunir para participar na celebração da Eucaristia, onde isso se puder fazer sem dificuldade” (RC n. 14).
Este desejo da regra está em plena sintonia com o capítulo II que pede aos habitantes do Monte Carmelo para viverem em obséquio de Jesus Cristo (Cf: RC); por isso, podemos encontrar aqui a fonte e o cume da vida no Carmelo: a Eucaristia, visto que, a capela deve ser construída no meio, não apenas físico, mas espiritual para que assim todos possam se encontrar. Deste modo, a Eucaristia se torna como um itinerário espiritual de transformação, pois, a Eucaristia não é algo isolado, solitário, egoísta. Por ela nós nos encontramos com os irmãos e irmãs e assim formamos um só corpo eclesial e místico do Senhor.
Dada a importância da Liturgia na vida do Carmelo, esta nos mostra a fonte de nossa vida e o cume para onde caminhamos. A Liturgia é fons et culmen vitae carmelitanae, ou seja, sem a Liturgia, que é encontro com Cristo e consequentemente sem a vivência deste encontro na relação com os irmãos e irmãs: a vida em fraternidade, a espiritualidade carmelita não atingem o fim a que foi desejada pelo Espírito Santo quando suscitou homens para em séculos passados darem início à Ordem. Por isso, a vida orante no Carmelo que nasce do encontro com o Senhor na Liturgia é caminho para a busca d’Aquele que é o único e Absoluto necessário na vida carmelita. Assim,
O carmelita do “ano dois mil” não será somente um homem de oração, mas também um homem que terá algo para dizer sobre a oração, sobre a espiritualidade, sobre estes valores mais absolutos, em definitivo sobre Deus que é Absoluto, visto não com angustiante terror, qual a um vingativo juiz, mas buscado responsavelmente com afeto filial (Thuis, 1983 b, p. 33ss).
O obséquio de Cristo é como um guia para a vida carmelita, mas a capela é o termômetro desta vivência. Liturgia e vida não separam de modo algum, aquilo que é celebrado na Liturgia deve ser vivenciado na vida diária. Desta forma, nossa lex orandi que nasce da lex credendi encontrará plena consonância na lex agendi/vivendi. Visto que,
A Liturgia é o momento fontal e culminante da vida espiritual, mas seria puro ritualismo se não fosse vivida com as exigências intrínsecas da vida teologal e não tivesse uma influência concreta na vida; o culto transformar-se-ia em algo abstrato se não levasse para Deus os anseios e as preocupações de uma existência concreta, vivida no dia-a-dia (Castellano, 2018. p. 54).
A Liturgia que é o grande Dom da Igreja se revela no dinamismo trinitário que se realiza em cada celebração: o Pai é reconhecido e adorado através de seu Filho Jesus Cristo que o Espírito Santo comunica a todos por meio da Palavra e pela presentificação do Senhor nas espécies sagradas, por isso, segundo García e Ávalos (2009, p. 309)
A Liturgia, sobretudo a Eucaristia, mana para nós a graça, como de sua fonte, e se obtém, com máxima eficácia, esta santificação dos homens em Cristo e a perfeita glorificação de Deus, através da qual as obras da Igreja tendem como a seu fim.
Desde as origens a Ordem do Carmo sempre cultivou a vida litúrgica como fonte para a sua espiritualidade, seja por meio da capela entre as celas (Cf: RC n. 14), seja pela celebração eucarística (Cf: RC n.14) ou a Liturgia das horas (Cf: RC n. 11) ou pela permanência e vigilância em meditar dia e noite a Palavra do Senhor (Cf: RC n. 7), como também da prescrição do jejum que se estende até a Páscoa (Cf: RC, n 16) ou ainda quando a Ordem usa como seu rito, o rito da Igreja do Santo Sepulcro, também conhecido nos claustros carmelitas por Liturgia da Ressurreição. Deste modo em toda a Regra do Carmo, se faz evidente o cristocentrismo que são chamados a viverem aqueles que desejam essa vida. O cristocentrismo carmelita não acontece separado da vida litúrgica, antes, em profunda união com essa, pois, é na Liturgia que brota “ação sacerdotal de Cristo” (SC, n. 7). Assim, “a riqueza da tradição litúrgica carmelita anda de mãos dadas com a fascinante história da própria Ordem” (Boyce, 2002, p. 11).
A experiência de Deus, ou vita deiformae, foi na primeira geração de carmelitas compreendida como “contemplação das coisas celestes” (Cf: Rubrica prima, 1281); para isso se fazia necessária a coragem de passar pelo vacare Deo, ou seja, pelo esvaziamento para se encher de Deus e assim ser transformado por sua Ação, contudo, o vacare Deo não é possível numa vida que está em dicotomia entre a Liturgia que reza e as atitudes pessoais e fraternas. A contemplação não é uma dimensão à parte na vida carmelita; antes está intrinsicamente unida a toda a herança secular dos primeiros habitantes do Monte Carmelo.
Diversas são as formas e expressões litúrgicas no Carmelo, desde aquelas que se fazem presentes na Regra e no desenvolvimento histórico da Ordem até aquelas tantas devoções que foram entrando no Carmelo com o decorrer do tempo por meio das missões e presença carmelita. A relação entre Liturgia e espiritualidade carmelita foram sendo entrelaçadas e tecidas com o decorrer do tempo e adquire no Carmelo um caráter eclesiológico. A Liturgia celebrada pelos carmelitas era a mesma da Igreja de Jerusalém, ou seja, a Liturgia do Santo Sepulcro, também chamada de Liturgia da Ressurreição. “santo Alberto prescreveu esta Liturgia, juntamente com a Regra aos eremitas do Monte Carmelo, denominando-a ‘o costume aprovado pela Igreja (Cf: RC. 11)” (García; Ávalos, 2009, p. 310). Desta forma, a lex orandi do Carmelo é a mesma lex orandi da Igreja. “Por isso que a Liturgia é capaz de moldar a própria vida de quem celebra” (Boyce, 2002, p. 12), “Os carmelitas estão na Igreja e para a Igreja, e, com a Igreja, ao serviço do Reino” (RICV, n. 45).
2- Do Ordinário Litúrgico à historicidade
Não é possível apontar com exatidão o momento em que os carmelitas começaram a celebrar suas Liturgias a partir da Liturgia do Santo Sepulcro, também chamada de Liturgia Jerosolimitana, dado o lugar de sua celebração: Jerusalém, se antes ou depois da recepção da Regra, embora que com a Regra haja uma legislação mais exata sobre as atividades diárias no Monte Carmelo, dentre tantas, a Liturgia, em consequência desse dado, “essa época representa certamente um vértice para o que se refere à atuação da potencialidade cristã, isto é, da ‘encarnação’ do espírito de Cristo num dado momento histórico” (Neunheuser, 2007, p. 164).
Em Jerusalém existem muitas Igrejas que marcam os principais lugares pelos quais o Senhor passou e um desses é a Igreja do Santo Sepulcro a mesma da Ressurreição. E é compreensível que a proximidade dos santos lugares exerça influência sobre a Liturgia ali celebrada. Desta forma podemos compreender o motivo pelo qual a Liturgia nessa Igreja era chamada de Liturgia da Ressurreição, pois, ali o Senhor havia ressuscitado, tanto que nas cerimônias ali realizadas prestava-se muita atenção às palavras do túmulo do Senhor, Surrexit Dominus de hoc sepulcro, indicando, que daquele Sepulcro o Senhor havia ressurgido (Cf: Kallenberg, 1962). Por isso, aos sábados, da Páscoa ao Advento havia naquela Igreja uma procissão solene para a Capela da Ressurreição e aos Domingos, Páscoa semanal, era celebrado a Missa solene em honra da Ressurreição (Cf: Caruana, 1976).
Desde o início quando esta Liturgia passa a ser celebrada pelos carmelitas se torna conhecida dentro da Ordem e a partir dela na Igreja, como, o Rito dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo de acordo com o Rito do Santo Sepulcro de Jerusalém (Cf: Kallenberg, 2007), indicando deste modo algo que será desenvolvido e norteará a Ars celebrandi no Carmelo que é a Ressurreição.
A Liturgia dos Carmelitas também assim conhecida foi sendo desenvolvida no decorrer dos séculos. Desde o início o Rito passa por uma certa adaptação, podendo ser celebrado com a mesma dignidade tanto no eremitério no Monte Carmelo, como numa Igreja basilical na Europa, tornando-o acessível a realidade local (Cf: Midili, 2008), já,
No que diz respeito às origens das liturgias do Santo Sepulcro e da Ordem dos Carmelitas nos séculos XI e XII, na verdade não podemos falar de uma forte influência do antigo Rito Galicano. No máximo, houve algumas tradições litúrgicas francesas locais que influenciaram o Rito Romano original adotado pela Igreja do Santo Sepulcro e pelos Carmelitas (Kallenberg, 2006, p. 57).
Siberto de Beka, o primeiro grande liturgista da Ordem, elabora um Ordinário celebrativo, harmonizando o caráter estético e ritual inserindo-o em um novo contexto de conventos e Igrejas carmelitas, onde diversas vezes afirma, “De acordo com os legítimos costumes da Igreja do Santo Sepulcro do Senhor de Jerusalém onde a Ordem dos mencionados Irmãos teve a sua origem” (Beka, 2007, p. 389). Para Siberto este é o Santo Sepulcro de onde o Senhor Ressuscitou e não de sua morte, como se pensava em seu tempo, em consequência deste pensamento, em seu Ordinário litúrgico a Ressurreição do Senhor será o tema central em todo o decorrer celebrativo do Ano Litúrgico.
Nos primeiros séculos, os cristãos não se ajoelhavam no Domingo pois este é o dia do Ressuscitado, ou seja, d’Aquele que está de pé (Ανέστη), influenciado por este ato, Siberto determina em seu Ordinário que o ato de ajoelhar-se deve ser previsto em todo o Ano Litúrgico, com exceção da Páscoa, “reverenter inclinans sine genuflectione” (Zimmerman, 2006, p. 67) (curvando-se reverentemente sem se ajoelhar) “os carmelitas deviam ficar de pé e, pela sua postura, representar Cristo ressuscitado” (Kallenberg, 2006, p. 68).
Seguindo os costumes da Igreja do Santo Sepulcro, Beka, atribui ao Domingo um peculiar significado ordenando assim que a Ressurreição fosse comemorada nas orações litúrgicas, começando com as vésperas do sábado até as vésperas dominicais. Por isso,
Na antiga Liturgia dos Carmelitas é notável que, à imitação do que era feito no Rito do Santo Sepulcro, o Ano Litúrgico terminava no último Domingo antes do Advento com a solene comemoração da Ressurreição do Senhor. Os ofícios, tal como a Missa solene, estavam completamente relacionados com a Páscoa. Poderemos chamar a isso uma renovada Páscoa, celebrada no fim do Ano Litúrgico (Kallenberg, 2007, p. 390).
Várias foram as reformas que o Rito passou no decorrer dos tempos, desde a revisão do primeiro Ordinário de Beka, até à impressão de um segundo no capítulo de 1312, inspirado no primeiro que adaptava as celebrações Jerosolimitanas à realidade Europeia. “Este texto constitui uma riqueza para o estudo do Rito Carmelita, porque recolhe todas as rubricas e descreve o desenvolvimento das celebrações” (Midili, 2008, p. 526).
Até os finais do século XVI o Ordinário de Siberto de Beka, renovado e ampliado, já havia sido adotado em toda a Ordem, Por isso a Liturgia da Ressurreição formou espiritualmente o interior da Ordem de tal modo que encontramos escrito nos anos 1317/1345, por John Baconthoe, exímio teólogo carmelita e defensor do dogma da Imaculada Conceição, pouco tempo depois de 1312, “no capítulo II de sua obra, Laus Religionis Carmelitanae, o modo como os carmelitas mostram em seus hábitos a graça da Ressurreição” (Staring, 1989, p. 249). Esse pequeno detalhe nos leva a crer que a Liturgia da Ressurreição não se restringia apenas ao Rito enquanto conjunto de rubricas, mas a um Rito vivo que move e penetra até a medula do ser carmelita.
O Concílio de Trento, no século XVI, determina que haja a unificação dos Missais, visto que, dos séculos XII ao XVI havia uma quantidade exorbitante, assim, “Nicolau de Cusa […] nos sínodos de 1453 e de 1455 pedia, em âmbito litúrgico, a correção dos Missais segundo um exemplar típico” (Neunheuser, 2007, p. 174). As famílias religiosas que tivessem Rito próprio com mais de 200 anos foram dispensadas de tal norma (Cf: Smet, 1991). Nos anos seguintes o Rito continuou sendo reformado por meio das revisões e canonizações de novos santos como também a entrada no calendário carmelita dos santos do calendário romano. A Liturgia revisada desta maneira mereceu elogios do Papa Gregório XIII: “se pode admirar […] que deste antigo Rito foram conservados preservando um importante e venerável movimento de piedade medieval cristã, retirando, contudo, os exageros que se havia introduzido e que desfigurava a pureza de estilo e a linguagem” (Forcadell, 1938, p. 85ss).
No século XIX, a Ordem vive um apogeu de beatificações, enriquecendo assim a eucologia de sua Liturgia. Foram eles: “Ângelo Mazzinghi (1761), Joana Scopelli (1771), Luis Rabatà (1841), Avertano e Romeu (1842), Luiz Morbioli (1843), Jacobino (1845), Francisca d’Amboise (1863), Arcángela Girlani (1864), João Soreth (1866)” (Smet, 1995, p. 202), e depois do Concílio Vaticano I, Batista Mantuano (1885), Joana de Tolosa (1895), Bartolomeu Fanti (1909) e o português Nuno de Santo Maria (1918).
O Concílio Vaticano II, aconselha àquelas Ordens que possuem Liturgia antiga que se faça a revisão. No Capítulo Geral de 1965 entre as reflexões se preocupou-se com a Liturgia, o Capítulo Geral extraordinário de 1968 (por ocasião do Concílio) decide então que o Rito seja revisto a partir das orientações do Vaticano II. Em 1971, um outro Capítulo e Conselho geral encontra dificuldades internas e em 1972 renuncia ao Rito. A Ordem permanece com seu calendário e livros litúrgicos (Missal e Liturgia das Horas (1974) segundo as determinações do Concílio) próprios, assim como o Rito de Profissão religiosa (1976) (Cf: Midili, 2008) e o calendário dos santos carmelitas (Cf: AOC, 2021).
A Liturgia Carmelitana da Ressurreição enquanto “rubrica” já não é mais celebrada. A centralidade dominical, como Páscoa semanal, o exercício da Lectio Divina, entre outros atos e principalmente a Ressurreição do Senhor podem e devem guiar nossa forma de celebrar e viver a ação litúrgica.
O Cântico espiritual do Santo Sepulcro de Jesus Cristo, pertence a rica tradição da Ordem dos Carmelitas e nasce, por assim dizer à sombra da Liturgia da Ressurreição. Este Cântico é de autoria do servo de Deus, frei João de São Sansão, um dos mais eminentes membros da Província dos Carmelitas de Touraine, na França. Esta Província depois de passar por uma reforma, produziu muitas obras espirituais e importantes para a Igreja, como o Cântico de que falamos, e as obras: Estado de Vida Ressuscitada em Jesus Cristo e Santuário da Divina Ciência (frei Mauro do Menino Jesus) e o Tratado de Teologia Mística (frei Domingos de Santo Alberto), ambos noviços de João de São Sansão.
3- O Cântico Ressurrecional do Santo Sepulcro
O servo de Deus frei João de São Sansão, nasceu em 1571, em Sens, e faleceu em 1636. Ficou cego aos três anos de idade, devido à varíola. Ingressou no Carmelo reformado de Touraine como irmão não ordenado, chegando a ser mestre de noviços e um dos eminentes frades da França, além de grande mestre de vida espiritual e autor da oração aspirativa. Ele e toda a sua Província celebrava a Liturgia da Ressurreição e não nos resta dúvidas de que esta forma de celebrar tenha sido uma escola de formação espiritual em sua vida. Podemos dizer, dada a abrangência interior deste Rito, que, o Cântico espiritual do Santo Sepulcro é fruto da Liturgia da Ressurreição na vida e no coração deste santo frade carmelita. A Liturgia da Ressurreição encontrou no coração e na vida destes homens tamanho espaço interior que não podia esperar outra coisa que não fosse frutificar em graças místicas que conforme Domingos de Santo Alberto, é “uma saborosa percepção de Deus” (Domingos de Santo Alberto, 1960, p. 257)
Todas as obras de frei João de São Sansão tratam do Amor de Deus por nós e do convite feito por Deus para que todos respondam ao seu Amor. A linguagem usada nesta obra é de amor, afeição e ternura. Apresentada em forma de drama medieval relata no centro do drama Maria Madalena e o Santo Sepulcro num diálogo na madrugada da Páscoa. Maria está sozinha na visita e o Santo Sepulcro é personificado em uma pessoa que dialoga com aquela que é a Apóstola dos Apóstolos e porque ama, está “muito atenta à humanidade de Cristo e em particular à sua paixão” (Secondin, 2007, p. 285). O Cântico relata um encontro místico entre Maria e o Sepulcro. Ambos estão à procura do Amado, (Cf: Stefanotti, 1994) agora ressuscitado. Esse Cântico é profundamente pascal, visto que revela a alma amada que sai a procura d’Aquele a quem ama e que agora está entre os vivos.
Eis alguns versos do Cântico3,
Prólogo
1 Aquele que crê consegue superar tudo; o seu coração está enamorado e repleto de amor suave, contempla o seu Deus com um olhar sublime; livrando se de si próprio, repousa só em Deus
Lamentos amorosos de santa Maria Madalena ao pé do Santo Sepulcro de Jesus Cristo
201 Lamentemos, o meu Amor morreu; Há sorte mais dura e mais triste do que a dum Amante que abandona a sua Amada? Divino Sepulcro, recebe o meu coração, já não quero mais viver, Porque tu me roubaste a minha felicidade.
309 Apressa-te, Sepulcro, e devolve-me a minha felicidade, porque o meu amor ardente e a minha paixão não são capazes de suportar este martírio. Mas o quê? Já não tens o meu tesouro! Já não está no teu poder? Aonde levantou voo?
Resposta do Santo Sepulcro a Maria Madalena
333 Perco pelo menos tanto quanto tu porque se tu perdes o teu Noivo devo dizer-te que Ele pertence tanto a mim quanto a ti: desde o nascimento DELE fomos destinados um ao outro e o corpo DELE me era prometo.
411 Apesar de eu ser famoso e glorioso por ter o prazer (de ter trazido em mim) Jesus, o Divino Salvador, a alma que O traz no seu coração é, no entanto, ainda mais perfeita.
417 No sepulcro Ele estava morto, mas na alma Ele é belíssimo, gloriosíssimo, cheio de vida; Ele dá-lhe uma beleza igual à Sua, enobrece-a, vivifica-a. fortifica-a e ampara-a.
429 Por conseguinte, não é necessário empreender uma viagem tão longa para adorar o Santo Sepulcro. Pois, a Fé, aquele o Facho Divino, desencobre para ti com muito mais graça Jesus num sepulcro vivo.
Resposta da alma aos louvores do Santo Sepulcro
441 Oh Túmulo mais que maravilhoso! Oh Sepulcro demasiadamente glorioso! Logo que o meu espírito te contempla, mostras-me a minha sorte feliz: Eu sou um templo vivo de Deus, E tu apenas dum Deus morto.
549 Aquele que não habita no Túmulo, Não é muito santo. Porque é no interior do Sepulcro que Deus devolve a luz e a vida à criatura contanto que ela seja capaz de amar.
573 Aí todas as suas forças activas e tudo o que ela possui se perdem num feliz naufrágio. Ela procura à sua frente o mais profundo abismo sem, no entanto, alcançar o fundo do mesmo.
579 Após aquele alto e sublime esforço novamente ela torna a se submergir num outro abismo profundo, quero dizer naquele Túmulo onde aquela Majestade sublime se faz escabelo para os nossos pés.
603 Minha alma, tens que esforçar-te por esconder-te, neste Túmulo, aos olhos dos homens e a ti própria. É necessário enterrar-te toda viva a fim de ter a suprema felicidade de não viver aqui senão morrendo.
Este Cântico revela a procura do Amado e o “impulso amoroso e inflamado de todo o coração e do espírito” (Boaga; Durand, 2008, 442), da alma ferida pelo Ressuscitado que deseja se unir ao Senhor, tal união deverá passar pela celebração dos Mistérios de Jesus Cristo, pois sem estes a vida cristã perde sua força e o espírito que a anima.
4- A Liturgia Carmelita da Ressurreição
A Liturgia, celebrando o Mistério da Ressurreição do Senhor, d’Aquele de quem os carmelitas vivem em obséquio (Cf: RC, n. 2), custodia e transmite muito mais do que aquilo que podemos compreender e apreender (Cf: Congar, 1963). A Liturgia da Igreja é uma grande escola de formação espiritual para todo o Carmelo, onde o mistagogo por excelência é sempre Jesus Cristo.
Os primeiros carmelitas são formados no modo de celebrar da Igreja de Jerusalém, e por esta mesma Igreja são moldados e recebem como sua a Liturgia que era celebrada na Igreja do Santo Sepulcro, “para viverem plenamente a ação litúrgica e vivenciar a surpresa com o mistério” (Marques, 2023, p. 11). A Liturgia ressurrecional deixou marcas profundas na Ordem e no modo próprio de celebrar e formar cada carmelita. Deste modo, “o rito é, em si mesmo, uma norma, mas a norma nunca é um fim em si mesma, estando sempre a serviço da realidade mais elevada que quer custodiar” (DD, n. 48), ou seja, da manifestação e presentificação do Mistério Pascal do Senhor.
A Liturgia da Ressurreição foi sendo passo a passo como a grande mestra de formação de diversas gerações de carmelitas, com seus textos, hinos, eucologias e rubrica própria. Desta forma o rito celebrativo plasma a vida espiritual da Ordem na centralidade de Jesus Cristo Ressuscitado dos mortos, ou seja, no Cristo vivo que sai vitorioso do túmulo e não morre mais e comunica a vida aos seus. Por esta forma de celebrar mesmo que passando por reformas e adaptações, “seguramente podemos afirmar que a Liturgia ressurrecional imprimiu até o dia de hoje uma marca profunda na espiritualidade de Ordem” (Kallenberg, 2007, p. 392), visto que,
Durante séculos a comemoração solene da Ressurreição continuou importante. Em resumo podemos dizer que ao longo de todo o ano, desde a Páscoa até ao Advento, a Ressurreição ocupava um lugar importante na oração litúrgica dos Carmelitas. Diariamente, ao rezar as vésperas e matinas, lembravam-se da Ressurreição. Como o dia da Ressurreição, o Domingo ocupava um lugar especial. Além disso, para realçar mais ainda o lugar central da Ressurreição para os Carmelitas, o Ano Litúrgico terminava com uma solene comemoração da Páscoa, celebrada no último Domingo antes do Advento [...]. Durante esse período a Liturgia da Ressurreição deve ter influenciado a espiritualidade e as orações dos carmelitas de então (Kallenberg, 2007, p. 390).
Um dos frutos mais visíveis da Liturgia da Ressurreição na vida do Carmelo, é o dinamismo espiritual que esta suscitava e incitava na vida dos carmelitas e daqueles que eram fiéis de suas Igrejas conventuais numa constante recordação da Resurrectio Dominica, ou seja, do Domingo como o dia Pascal de encontro com Aquele que venceu as trevas. Durante séculos, na Liturgia Carmelita da Ressurreição não apenas a festa da Páscoa era importante, como era também o cume de toda uma caminhada e a partir dela obtinha sentido todo o resto do Ano Litúrgico. Ocupava lugar especial a celebração solene da Ressurreição, Solemnis Resurrectionis Dominicae, fim do Ano Litúrgico, no dia em que hoje celebramos a Solenidade de Cristo Rei do Universo e nas comemorações diárias e semanais da Ressurreição, em todo Domingo que é Páscoa por excelência.
Esta forma de celebrar e viver imprimiu nos filhos de Elias, um certo dinamismo e movimento interior dando-lhes a oportunidade e a graça de renascerem sempre para Ele. O Senhor ressurgiu para uma vida nova. No primeiro momento pode parecer-nos que a perspectiva desta Liturgia: Commemoratio Solemnis Resurrectionis, era apenas um ponto de referências do qual partia e se desenvolvia todo o Ano Litúrgico; entretanto, o defrontar-se permanente com a Ressurreição de Jesus Cristo que se dava por meio das celebrações e eucologias próprias no decorrer do ano, desde a solene comemoração no último Domingo antes do Advento, não assentia espaço para um pensamento de uma Ressurreição estatizada, parada em si, sem vida, ocorrida durante séculos na Igreja (Cf: Kallenberg, 2006). Impunha o constante vacare Deo, isto é, o esvaziar-se para se encher de Deus, por meio de seu Filho Ressuscitado, assim,
A fervorosa esperança da Regra (dos Carmelitas) é a de que a ‘Palavra de Deus’ possa habitar abundantemente na nossa boca e nos nossos corações, para que tudo o que façamos seja feito em nome do Senhor (RC, n. 14). Esta é a Ressurreição do Senhor [...] que nós vivemos em todo o nosso ser. ‘Eu vivo, mas já não sou que vivo é Cristo que vive em mim (Gal 2, 20)” (Waaijman, 1995, p. 228).
A Liturgia da Ressurreição plasmou o espírito e a vivência carmelita tornando o Carmelo um espaço místico de encontro transformador com Aquele que está de Pé: Jesus Ressuscitado. O aspecto ressurrecional da Liturgia do Santo Sepulcro transforma-se na principal chave de leitura e compreensão de toda a Regra e espiritualidade carmelita como também de seus valores, ritmizando o agir comunitário a partir da vida nova, pois, da/para a Ressurreição devem convergir todo o agir humano, espiritual e moral daqueles que abraçam o obséquio de Jesus Cristo, assim,
A maioria das comunidades religiosas juntava-se todos os dias para a Eucaristia. A reunião diária dá uma estrutura rítmica à vida. O ritmo básico. O nascer do sol que conquista a noite deve ter sido intuitivamente entendido como sinal do Ressuscitado. O encontro dos irmãos tinha uma dimensão litúrgica. O facto de virem todos juntos a Eucaristia lembra a Ressurreição. A Eucaristia, afinal de contas, começa lá onde o Senhor nos une num só redil. Ele convida-nos a escutar a sua palavra para que ela nos toque, forme o desejo no nosso coração e nos faça procurar a Sua presença. Ele convida-nos a tomar o seu corpo e sangue, para nos lembramos d’Ele e nos identificarmos com Ele, para que entremos na sua morte e sejamos encontrados pelo próprio Deus. (Waaijman, 1995, p. 101).
Nas entrelinhas das palavras de Kees Waaijman, O.Carm, percebemos que na Ressurreição do Senhor está a significação de todos os nossos atos cristãos, de tal forma que, se esta não houvesse a vida cristã não teria absolutamente nenhum sentido. A busca pelo amado que o Cântico dos Cânticos anuncia e toda a poética mística, em especial de são João da Cruz, obtêm sentido e razão de ser, visto que, agora Aquele que buscamos está Vivo. A noite sombria torna-se clara, a subida do Monte converte-se em vida e nossa oração nasce da amizade contemplativa e da troca espiritual de olhares que acontecem na Eucaristia para nos eucaristizar. Por conseguinte,
Os místicos cristãos, em especial os carmelitas, compreenderam bem que nós nascemos da Páscoa e para a Páscoa. A festa Pascal é a grande manifestação do amor do Pai no Filho Jesus Cristo, pelo Espírito Santo para toda a humanidade. A Páscoa, portanto, dentro e fora do Carmelo é como um itinerário de transformação em nova vida, que ressignifica cada passo e ação cristã. Pela Liturgia da Ressurreição os carmelitas nunca contemplaram a cruz como sinal de derrota e fim, antes, a cruz como caminho que conduz à Ressurreição.
Conclusão
A vida litúrgica é um dom de Deus concedido à Igreja e um desafio para a mesma que nasce da fidelidade aos Ritos et preces não como um rubricismo estéril, mas como atitude orante de fidelidade àquilo que diz e ensina o magistério vivo em plena comunhão com a Tradição eclesial. “a Liturgia nada tem a ver com um moralismo ascético: é o dom da Páscoa do Senhor que, acolhido com docilidade, faz nova a nossa vida” (DD, n.20), acolhendo e vivendo a Liturgia estaremos abertos as suas graças. A Liturgia não é outra coisa que não os gestos do Senhor Ressuscitado em Seu corpo místico.
A Eucaristia radicaliza o ato de sair de nós próprios: não somos nós quem vimos, mas somos conduzidos, conduzidos para a vastidão do mundo e para a profundeza da morte, para sermos unidos. Esta é a perspectiva mística do facto de se reunir para a celebração da Eucaristia. Este movimento místico está lindamente representado através das palavras, ‘de madrugada’, palavras que evocam a marcha silenciosa de Maria Madalena até ao túmulo: ‘no primeiro dia da semana, ainda era escuro, Maria de Magdála foi ao túmulo de madrugada... (Jo 20,1)’. De madrugada os carmelitas reúnem-se no oratório, no CENTRO, (das celas) por ninguém ocupado. Como a noiva do Cântico dos Cânticos, também eles, enquanto ainda é noite, procuram Aquele a quem suas almas amam. À procura do amor através da escuridão da noite segue-se a experiência da Páscoa na escuta da voz suave, ‘Maria’, o querido nome pronunciado por Aquele que é amado pela alma. Segue-se a resposta não menos terna: Rabbuni. Esta é a Páscoa do amor, a profundidade mística da Eucaristia. Aqui está o coração do Carmelo (Waaijman, 1995, p. 101).
Redescobrir a força ressurrecional da Liturgia e abrir-se a ação d’Aquele que a move seja talvez um antídoto contra o veneno do mundanismo espiritual (Cf: DD, 22) que nos fecha em nosso ego e não permite que nos abramos a ação Redentora e Salvadora da Páscoa. É necessário criarmos uma cultura litúrgica da Ressurreição que nos leve ao encontro com Cristo Jesus e com os irmãos. Deste modo seremos alcançados pela Páscoa.
Muito embora esta Liturgia não seja mais celebrada enquanto Rito próprio de uma Ordem religiosa, de sua teologia e espiritualidade, podemos obtermos luzes para uma melhor e mais autêntica vivência da Páscoa, pois, dela nós nascemos e é ela que nós celebramos em toda Liturgia, sobretudo nos Domingos. A Ressurreição do Senhor se torna, portanto, o elo unitivo entre a Liturgia e nós, entre a celebração do Ano litúrgico e a vida vivida no dia a dia. A Ressurreição é o sopro de esperança que nos encaminha para o alto, Nela, nossa vida está escondida com Cristo Jesus, pois nós nascemos da/para a Páscoa.
A Liturgia da Ressurreição deixou marcas profundas na vida espiritual da Ordem. A centralidade da Ressurreição do Senhor em sua forma de rezar e na vivência diária é um dos maiores dons de Deus à vida do Carmelo, que hoje mesmo não se celebrando com o dito Rito pode ser retomado enquanto atitude espiritual e re/direcionamento da missão carmelita. Centrar o olhar em Jesus Ressuscitado para a partir d’Ele manifestar Seus Mistérios na vida eclesial seja talvez o meio principal para se viver em Seu Obséquio, pois, “este caminho é santo e bom: segui-o” (RC n. 20).
- Frade carmelita, membro da Província Carmelitana Pernambucana. Licenciado em Filosofia, graduando em Teologia. Membro da Associação dos Liturgistas do Brasil, do Instituto de Espiritualidade Tito Brandsma e da Academia Marial de Aparecida. ↩︎
- “Para manifestar os Mistérios de Cristo”. ↩︎
- Cântico Espiritual do Santo Sepulcro, In: In Labore Requies, p. 403 ss. ↩︎
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