Como viver o advento
A Igreja abre as portas do novo ano litúrgico com o advento, tempo de espera d’Aquele “que era, que é e que há de vir” (cf. Ap 1,8); na celebração do Natal abre o Ano Santo do Jubilar de 2025 com o tema: Peregrinos de Esperança.
No contexto do advento, uma figura bíblica é inspiradora para vivenciarmos este tempo oportuno à nossa salvação: o servo do profeta Elias. Numa situação de seca e fome que assola o povo de Deus, na época do reinado de Acab, este homem é um sinal de esperança, conforme lemos:
43 Depois disse ao seu servo: “Suba e olhe para o lado do mar”. O servo subiu, olhou e disse: “Não se vê nada”. Elias disse: “Volte até sete vezes”. 44 Na sétima vez, o servo disse: “Uma nuvenzinha, do tamanho da mão de uma pessoa, vem subindo do mar”. Então Elias mandou: “Vá dizer a Acab que atrele os cavalos no carro e desça, para que a chuva não o detenha”. 45 Num instante o céu ficou escuro, com nuvens trazidas pelo vento, e caiu uma chuva pesada. Acab subiu no seu carro e foi para Jezrael (1Rs 18,43-45).
Quem é este homem? O texto bíblico não o diz. A única informação que temos é que ele é servo (v. 43), servo de Elias. Talvez pudesse ser um dos seus discípulos, iniciado na escola dos profetas (cf. 1Rs 20,35; 2Rs 2,3-5). É-nos suficiente saber que era servo: não qualquer servo, mas um servo que cumpre bem a tarefa de ver os sinais e anunciar a chegada da bênção de Deus, como realização de suas promessas.
O servo de Elias é um homem de fé e esperança. Estas se manifestam na sua prontidão, obediência, vigilância e perseverança. Ele tem a marca da prontidão: está desperto, atento ao seu senhor, ao que ele diz e faz; de modo que sabe escutar atentamente a sua ordem: “Suba e olhe para o lado do mar” (v.43); “Volte até sete vezes” (v.43), “Vá dizer a Acab…” (v. 44).
A prontidão é seguida da obediência, expressa pela disponibilidade e adesão ao mandado do profeta de Deus: ele obedece prontamente (“o servo subiu, olhou…” (v.43).
À prontidão e obediência soma-se a vigilância: graças a ela, o servo sabe observar atentamente o mar e percebe algum sinal do advento da chuva predita (cf. v.44).
Contudo, de nada adiantaria estas atitudes se ele não carregasse consigo a perseverança: ele pratica a prontidão, a obediência e a vigilância por “sete vezes”, porque conserva-se firme e constante no seu propósito, no seu obséquio (serviço).
Somos chamados a viver este tempo de advento, tempo em que nos preparamos para a celebração da primeira vinda de Cristo, o Natal, e para a sua segunda vinda (cf. Mt 24,44), renovando a fé e a esperança em Cristo que veio, vem e virá. Renovadas a fé e a esperança, poderemos assumir a vocação de servo, desenvolvendo as atitudes de prontidão, obediência, vigilância e perseverança.
Num mundo marcado pela falta de fé, esperança e caridade, o Senhor chama os seus servos e servas a serem contemplativos, a também subir e descer a montanha: subir a montanha e olhar para o mar para buscar e contemplar os sinais de esperança, da presença de Cristo (cf. Lc 22,27), da realização de suas promessas; descer a montanha e ir ao encontro das pessoas para anunciar, em obras e palavras, a Boa-nova de Jesus, a bendita esperança de sua vinda, a chegada do seu Reino (cf. Mt 10,7; Lc 17,21).
Frei Cláudio, O. C
PARA REFLETIR:
1- Somos servos de fé e esperança?
2. Estamos vivendo a prontidão, a obediência, a vigilância e a perseverança?
3. Concretamente, como podemos viver este movimento de “subida e descida” neste advento?