Escrevo essas breves palavras para compartilhar da minha alegria como carmelita em, nesse ano jubilar do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, ter participado das comemorações em honra a nossa Mãe e Irmã aqui, no coração da Igreja, na Roma eterna.

A imagem que ilustra essa recordação apresenta o povo de Deus que caminha com Maria, enquanto se vê iluminada a Basílica de São Pedro, lugar para onde afluem esse ano, cada dia, tantos peregrinos que ao passar a Porta Santa e professar a fé, reacendem nos corações a sua dedicação em viver como cristãos reconciliados com Deus e a sua Igreja.

A comunidade carmelita que cuida da Paróquia Santa Maria em Traspontina, pastoreada pelo carmelita italiano Padre Giuseppe Midili, celebrou a novena através da meditação da iconografia carmelitana presente na própria Igreja, passando desde os profetas Elias e Eliseu, aos nossos santos Alberto e Ângelo, Andrea Corsini, Maddalena de’ Pazzi e Teresa de Jesus. Como culminância da festa, se decidiu celebrar a procissão na noite do sábado, dia que por excelência nos coloca na tradição mariana da Igreja mas que também nos introduz no dia do Senhor, o domingo.

De fato, para tradição hebraica e que por nós foi herdada, o novo dia começa com o entardecer, portanto, a liturgia já celebrava a ressurreição do Senhor, imersa na alegria de ver a sua Mãe, a primeira cristã, alegre na esperança, presença reconhecida na nossa vida e na nossa caminhada de carmelitas. Esta liturgia vespertina irrompeu em nossos corações aquela alegria de quem contempla a aurora. E, ao caminhar com Maria, em procissão, percorremos esses caminhos com uma certeza: com a Virgem do Carmelo, mulher orante, somos peregrinos da esperança!

Uma pequena nuvem sobe do mar, é a esperança da chuva fecunda no meio da seca. Hoje, essa seca retorna não apenas no clima e no solo, mas em tantas pessoas que, como Jezabel e seu marido Acab, se deixam levar por “todo tipo de vento” — não só de doutrinas contrárias ao Evangelho, mas também de comportamentos que reduzem o valor da pessoa humana e o respeito pela vida plena que Jesus veio trazer. Em Roma, no nosso dia a dia e na pastoral também encontramos tantos pobres e necessitados que, no auxilio da Igreja, retomam a esperança. A procissão também foi uma oportunidade de recomendar à Virgem Santíssima o Papa Leão XIV que apenas iniciou o seu ministério petrino e tem a missão de conduzir a barca da Igreja, como Pedro, em meio à calmaria e a tempestade, sendo aquele que nos anima a irmos adiante na missão, principalmente em tempos que necessitamos de vozes proféticas que se levantem em favor da paz e da unidade.

Carmelus totus marianus est. O Carmelo é totalmente mariano e esta é a morada de Maria entre os povos; somos a porção mariana na qual o mundo pode encontrar beleza e vitalidade. Essa beleza está em nossas vestes, mas principalmente em conservar o coração do pecado, enfrentar as ciladas do maligno com armas espirituais, ser “outra Maria” e gerar Jesus neste mundoque cada vez mais se afasta do projeto divino de amor.

Por isso, com o coração jubiloso e agradecidos, reconheçamos a Mãe da Esperança que nos anima e dá força no nosso peregrinar rumo ao Carmelo celeste!

FREI RAFAEL DORGIVAL ALVES. F. NETO, O.CARM

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