Beato Aloísio Rabatá, sacerdote

08 de maio, memória facultativa1

As informações sobre o beato provêm dos testemunhos coletados para as Atas do processo diocesano de 1533 para a beatificação de Aloísio (Luis) Rabatá. As Atas contêm, como esperado, detalhes sobre seu caráter, obras realizadas e morte, bem como sua aparência física e hábitos alimentares. Cinco das onze testemunhas conheciam o beato pessoalmente, por isso as informações são consideradas bastante precisas. As hagiografias posteriores apenas repetem essas informações e fornecem outros detalhes que têm menos probabilidade de serem precisos.

O local e a data de nascimento ainda são debatidos. A maioria afirma que ele nasceu em Erice (Sicília) em 1443, embora um deles coloque seu nascimento em Trapani. Outra testemunha dá o Monte San Giuliano como seu local de nascimento. Esse, de fato, é considerado o mais provável, já que o cabeçalho dos Atos também menciona esse local.

A documentação indica que o Beato Luís era prior da comunidade carmelita de São Miguel em Randazzo. A cidade está localizada perto de Catânia, na Sicília, aos pés do vulcão Etna. Ali ele se dedicou à celebração da missa e à confissão dos fiéis. Ele era conhecido por repreender, corrigir e dar conselhos às pessoas. Ele foi descrito como um homem que levava uma vida cheia de privações e jejuns. Por esse motivo, é lembrado que tinha um físico muito magro, um rosto pálido e olhos vazios.

Durante as missões, muitas vezes acabava doando aos pobres o produto de suas esmolas e do pão coletado pela comunidade. Em uma Páscoa, preferiu abster-se da carne que os outros carmelitas estavam saboreando, consumindo pão como de costume. Mesmo à beira da morte, recusou-se a aceitar “doces e outras coisas para consolá-lo” que algumas mulheres lhe trouxeram.

Rabatá é descrito como um homem paciente e pacífico, nunca inclinado à raiva. De acordo com o relato de duas testemunhas, o Beato Luís estava procurando o círio pascal quando um homem o xingou e insultou. Luís, por outro lado, supostamente demonstrou grande paciência e humildade, tentando acalmar o homem e até mesmo oferecendo-lhe o dinheiro que havia juntado até aquele momento. As freiras carmelitas zombaram de Luís provavelmente por causa de seu estilo de vida simples e pobre, chamando-o de “sujo”, “miserável” e dedicado a cuidar de galinhas, insultos aos quais ele não respondia ou que aceitava com humildade. Ele também sofreu insultos semelhantes de outros membros de sua comunidade. No entanto, suportava toda negatividade com muita paciência.

O Bem-aventurado Luís fazia regularmente coletas para o mosteiro. Além da coleta diária de pão para a comunidade, ele visitava as áreas mais afastadas da cidade. Ele também se dedicava a coletar dinheiro para as necessidades litúrgicas. Foi durante uma dessas missões que ele foi morto.

Os testemunhos mostram que o Beato usava com frequência a expressão “A laudi Dio”, um sinal de sua humildade. É evidente que a primeira e principal preocupação de Rabatá era de natureza espiritual e todas as suas ações podem ser atribuídas à sua profunda espiritualidade. Um episódio lembra que Rabatá visitava continuamente, mesmo nas piores condições climáticas, a oficina de um homem cujo trabalho era medir o vinho em garrafas. O Beato Luís tentou convencer o homem a perdoar a dívida de outro homem que não podia pagar. O Beato Luís estava muito preocupado com a possibilidade de o devedor morrer sem ter pago a dívida, comprometendo assim a salvação de sua alma. No final, Rabatá conseguiu, graças à sua insistência e perseverança.

Ao ler os vários testemunhos nas Atas de 1533, fica claro que Luís Rabatà era considerado um homem extremamente virtuoso e um santo mesmo em vida. De fato, há muitas referências à sua “santidade” e à sua vida repleta de práticas de jejum e obras de caridade. Se a intenção dos depoimentos é confirmar a santidade da vida de Rabatà, isso não os torna menos autênticos. Eles mostram que as testemunhas oculares de sua vida, embora tivessem opiniões ou níveis de convicção ligeiramente diferentes sobre sua santidade, acreditavam que ele era santo. O fato de que essa crença era generalizada é confirmado pelo fato de que no túmulo de Rabatá, pouco depois de sua morte, pode-se encontrar uma devoção florescente ao homem.

Um dos serviços mais interessantes que o Beato Luís prestou à comunidade foi a construção de uma estrada que ia de Randozzo até a casa dos carmelitas, fora dos muros da cidade. Seis das onze testemunhas falam desse projeto, demonstrando o enorme impacto que ele teve sobre os habitantes da cidade. Rabatà decidiu que a nova estrada era necessária para substituir as duas estradas atualmente em uso, porque os homens estavam assediando e ofendendo as mulheres que visitavam o mosteiro carmelita. As estradas também eram longas e difíceis de transitar.

De acordo com testemunhas, a nova estrada foi construída principalmente por Rabatá. Ele pediu a ajuda de outras pessoas, que geralmente aceitavam a proposta para se envolverem. Mas foi Rabatá quem continuou a carregar pessoalmente em seus ombros os blocos de pedra usados na construção. Ele estava tão envolvido que uma testemunha afirma que ele só interrompia seus esforços para a missa e o ofício.

O trabalho envolveu a construção da estrada atual, dos muros e da área livre em frente à igreja e ao mosteiro. A nova estrada era larga e espaçosa e permitia que as mulheres evitassem o risco de “incidentes indecorosos”.

De grande importância no processo de 1533 é a morte do Beato devido a um “bolzone” (uma flecha com ponta arredondada, disparada de uma balestra). Seis testemunhas nos Atos fornecem depoimentos extensos e muito semelhantes. De acordo com as testemunhas, sua morte ocorreu como resultado de um golpe na testa infligido por um “bolzone” enquanto ele estava em uma missão fora do mosteiro. O ferimento infligido pela flecha o deixou doente até o fim de sua vida. Ele alternava os dias em que permanecia na cama com os dias em que se levantava e participava dos serviços litúrgicos na igreja.

O motivo do ataque ao Beato parece ter sido a inveja e a vingança pelo fato de Rabatá ter repreendido muitas pessoas. Muitos pediram ao Beato que identificasse o culpado, mas, temendo ser condenado ou punido, Rabatá permaneceu em silêncio. Ele alegou ter caído, mas isso foi negado por um médico que reconheceu que o ferimento na cabeça havia sido causado por uma flecha. Algumas testemunhas omitem a tentativa de Rabatá de disfarçar o incidente como sendo obra sua, concentrando-se, em vez disso, na recusa do beato em identificar o culpado. Uma testemunha afirma que Rabatá admitiu em particular para ela e seu marido que não sabia o nome do agressor.

Os rumores que circulavam na época atribuíam a culpa a um certo Giovanni Antonio Cataluchi, irmão de um dos membros da comunidade carmelita do Beato Luís. Dizia-se que Cataluchi interveio em favor de seu irmão, que testemunhas descreveram como “o irmão mais indecoroso e perverso”. Ele já havia recebido uma dura repreensão de Rabatá.

Apesar do ferimento na cabeça, testemunhas escreveram que Rabatà continuou a jejuar e a manter seu intenso estilo de vida anterior. No entanto, o ferimento logo o forçou a se deitar. O Beato Luís fez uma previsão de sua morte no dia anterior ao seu falecimento. Ele pediu às mulheres que o visitavam que não levassem comida, mas que se preparassem para sua morte. Talvez ele também tenha indicado a hora exata de sua morte, pois uma testemunha afirma que as mulheres foram vê-lo no dia seguinte “na hora que ele disse”, e que ele realmente morreu.

Em 1756, o Capítulo Geral da Ordem decretou solicitar a aprovação de seu culto “ab immemorabili”. Essa aprovação foi concedida em 10 de dezembro de 1841 pelo Papa Gregório XVI.

Oração: Senhor Deus, que adornastes o Bem-Aventurado Aloísio de admirável caridade e paciência em suportar as injúrias, concedei-nos que, ao celebramos hoje a sua memória, saibamos imitá-lo na prática da caridade e no amor aos inimigos, e mereçamos assim o prêmio da eterna glória. Por N.S.J.C.

  1. https://www.ocarm.org/it/item/105-b-luigi-rabata-sacerdote ↩︎
"Deus é comunicativo" (Sta. M. Madalena de Pazzi, O.C)
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