Na comemoração do Ano Vocacional Carmelitano, apresentamos algumas histórias vocacionais de frades e leigos carmelitas que fizeram ou fazem do Carmelo um lugar, um caminho e uma missão. A primeira partilha que trazemos é a do Frei João Marcos, O. C, um frade estudante teologia de nossa Província, residente na Irlanda.
Sendo o filho mais velho de Marcos Antônio Silva Lima e Mônica Leal Silva Lima, nasci na cidade de Aracaju, capital do estado de Sergipe, mas passei toda a minha infância e adolescência na cidade de São Cristóvão, vivendo com os meus pais e com o meu irmão, Luiz Fellipe. Neste momento, ao falar da minha infância, recordo a devoção ao Senhor dos Passos muito presente em minha família, pois por meio de uma promessa fui curado de uma grave doença ainda com um ano e meio de idade.
Quando eu era criança, estudei em uma escola com a espiritualidade do movimento Focolares. Ali os frades carmelitas auxiliavam como professores durante as aulas de ensino religioso. Com isso, pude me aproximar ainda mais dos religiosos que viviam em minha cidade. Além disso, com o incentivo da minha família e principalmente pelo exemplo do meu pai, passei a participar dos grupos da minha paróquia, como o grupo de acólitos e a pastoral da comunicação. E encantado pela vida sacerdotal, com quatorze anos fui convidado para participar de um encontro com os frades franciscanos, onde descobri que a minha vocação era à vida religiosa, me encantando pela vida em fraternidade.
Em minha adolescência participei da juventude carmelita e de outros movimentos de jovens católicos como o EJC (Encontro de Jovens com Cristo), sendo também convidado nessa mesma época para participar dos encontros vocacionais no Carmelo, por meio dos meus amigos carmelitas. Estudando na capital (Aracaju) e fazendo um discernimento sobre o meu futuro, decidi me aprofundar na espiritualidade carmelitana, através da vida dos santos (Santa Teresinha, Santa Teresa, Tito Brandsma, Madalena de Pazzi..), na liturgia, na relação com as pessoas, na vida de oração e contemplação e na belíssima devoção à Virgem Maria.
Com dezessete anos, fui convidado para participar de duas semanas convivendo com os frades carmelitas, sendo aprovado para ingressar no ano seguinte. E com dezoito anos fui morar no Convento Frei Casanova, em Lucena, como postulante (ano de 2017); depois no Convento Santo Alberto, em Goiana, Pernambuco; e em seguida, no noviciado em São Cristóvão (em 2019), onde fiz os meus votos em cinco de janeiro de 2020, com a presença dos confrades, amigos e familiares. Lugar bem significativo para a minha vida espiritual, pois ali eu conheci o Carmelo e ali também viveu Santa Dulce, que muito me ajudou espiritualmente.
No ano seguinte morei na comunidade Frei Caneca, em Aracaju, cursando Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição e dedicando-me ao serviço de animador vocacional da minha província, além de acompanhar os jovens da juventude carmelita (JUCAR), os grupos de catequese e acólitos da Paróquia Carmelita em Aracaju.
Tendo concluído a filosofia, fui enviado para cursar teologia em Recife, morando no Convento do Carmo de Olinda, onde passei um ano estudando, fazendo uma experiência pastoral em uma comunidade e contribuindo no Carmelo Olindense. Foi ali onde fiz o meu discernimento, juntamente com o meu formador e com a minha província, para vir à nova missão de viver a vida carmelita aqui em Dublin, na Irlanda, onde estou atualmente.
Hoje, vivendo como religioso carmelita, posso afirmar que mesmo na intensidade da vida, com as suas alegrias e dificuldades, sou feliz. Pois é neste lugar, onde muitos santos e santas de Deus vivenciaram as suas experiências místicas e humanas, em que podemos encontrar uma riquíssima beleza espiritual que vem de Cristo e é oferecido à nós por meio dos nossos inspiradores – a Virgem Maria, o profeta Elias e o profeta Eliseu – tornando o Carmelo um sinal de vida orante no meio do povo de Deus.
Frei João Marcos Leal Silva Lima, O.Carm.