O sorriso de Maria
Celebrando o Tempo Pascal, voltamos nosso coração, neste mês de maio, à Virgem Maria, nos dada como mãe por Jesus lá na cruz. Com nossos altares e andores bem ornados, com nossas orações e cantos, mas sobretudo com o coração renovado pela presença do ressuscitado, expressemos nosso amor filial, cumprindo o que ela mesma disse: “Todas as gerações hão de chamar-me de bendita” (Lc 1,48). Para nossa reflexão mensal, trazemos o relato de Santa Teresinha sobre a sua cura, que aconteceu pela devoção familiar à Nossa Senhora das Vitórias, que lhe sorri restabelecendo a sua saúde.

Estávamos no belo mês de maio. Certo dia, vi quando Papai entrou no quarto de Maria, onde eu estava acamada. Deu-lhe, com expressão de grande tristeza, várias moedas de ouro, dizendo-lhe escrevesse para Paris, mandando celebrar missas em honra de Nossa Senhora das Vitórias, para curar sua pobre filhinha. Oh! como me comoveu ver a fé e o amor do meu querido Rei! Queria poder dizer-lhe que estava curada, mas já eram demais as falsas alegrias que lhe tinha minha cura se fazia mister um milagre… Era preciso um milagre, e foi Nossa Senhora das Vitórias que o fez. Num domingo (durante a novena de missas), Maria saiu para o jardim, e deixou-me com Leônia, que lia perto da janela. Ao cabo de alguns minutos, pus-me a chamar quase que à surdina: “Mamã… Mamã”. Habituada a ouvir-me sempre chamar assim, Leônia não me deu atenção. Isso durou muito tempo. Então chamei mais forte, e por fim Maria voltou. Vi perfeitamente quando entrou, mas não conseguia dizer que a reconhecia, continuando a chamar cada vez mais forte: “Mamã…” Padecia muito com a luta violenta e inexplicável, e Maria talvez sofresse mais do que eu. Após baldados esforços para me mostrar que estava junto a mim, pôs-se de joelhos perto de minha cama, com Leônia e Celina. Voltando-se depois para a Santíssima Virgem, e rezando-lhe com o fervor de uma mãe que pede pela vida de sua filha, Maria alcançou o que desejava…
Por não encontrar nenhuma ajuda na terra, a coitada da Teresinha também se voltara para sua Mãe do Céu, suplicando-lhe de todo o coração, tivesse enfim piedade dela… De repente, a Santíssima Virgem me pareceu bela, tão bela, como nunca tinha visto nada tão formoso. O rosto irradiava inefável bondade e ternura, mas o que me calou no fundo da alma foi o “empolgante sorriso da Santíssima Virgem”. Nesta altura, desvaneceram-se todos os meus sofrimentos. Das pálpebras me saltaram duas grossas lágrimas e deslizaram silenciosas sobre as faces. Eram lágrimas de uma alegria sem inquietação… Oh! pensei comigo, a Santíssima Virgem sorriu para mim, como sou feliz… Mas, nunca jamais o contarei a ninguém, porque então desapareceria minha felicidade. Sem nenhum esforço, baixei os olhos e enxerguei Maria que olhava para mim com amor. Parecia emocionada e dava impressão de suspeitar o favor que a Santíssima Virgem me concedera… Oh! era exatamente a ela, às suas edificantes orações que devia a graça do sorriso da Rainha dos Céus. Quando viu meu olhar fito na Santíssima Virgem, disse de si para si: “Teresa está curada!” Sim, a florzinha ia renascer para a vida, o Raio luminoso que a reanimara não pararia suas beneficências. Não atuou de uma só vez, mas de modo manso e agradável foi levantando e revigorando sua flor, de tal sorte que cinco anos depois ela desabrocharia na montanha do Carmelo.
PARA REFLETIR:
1) Como a família de Teresinha vivia a devoção a Nossa Senhora? E a minha família, como a vive?
2) Recorro à Virgem Maria nas necessidades?
3) Honro a Mãe de Deus, buscando viver o que o seu Filho ensina no Evangelho?