A pregação do Evangelho
Neste mês dedicado à missão, as palavras do beato Francisco Palau, O.C.D1, nos são desafiadoras e inspiradoras para continuarmos a missão no mundo de hoje onde muitos cristãos resistem a Deus.
“Já somos católicos! O edifício da Igreja romana já está em pé! A obra de Deus no ser humano já foi concluída? Já não há mais batalhas?
A obra de Deus na vida das pessoas está esboçada, planejada e iniciada. Iniciada e nada mais; porque a fé é o fundamento do edifício cristão. Em frente! A pregação do Evangelho continua sua obra, e se, para plantar a fé, há mártires e tiranos, haverão mártires e tiranos para fundar a caridade e arraigá-la no coração da sociedade.
A pregação do Evangelho encontra mais obstáculos e dificuldades para sustentar a Igreja de Deus nos países católicos que para fundá-la de novo nos desertos onde vivem as tribos dos selvagens e nos impérios onde está autorizada a idolatria e a infidelidade. (…)
Que a obra de Deus continue! Somos católicos! Bem, temos a fé! Demos o primeiro passo; continuemos! E, para levar a obra de Deus no indivíduo e a obra de Deus no corpo social à sua última perfeição, como deve ser operosa a pregação! Ela começou e deve continuar até o fim. (…)
O cristão tem fé; porém um foi vencido pela avareza, outro caiu na falta de pureza; aqui prevalece a ambição, acolá a gula e a falta de temperança. Estes cristãos derrotados formam uma liga para se manterem perdidos. Desta liga nasce o que se chama “mundo”, e estes, constituídos no mundo, resistem a Deus e aos seus ministros, jogam para longe o jugo da lei e já não lhes resta nada mais que a fé; são católicos, porém lutam contra Deus e sua Igreja, para manter a corrupção dos seus costumes. Daqui à incredulidade já não há barreira, já não há mais que um pulo: Satanás continua sua obra e conta logo entre os seus aliados os cristãos que aderem ao mundo; incluem-se príncipes, governantes, magnatas, ricos, sábios e até mesmo sacerdotes, e com estes caem pessoas de toda classe e hierarquia social.
Estando assim as coisas, chega o pregador enviado por Deus a esse povo, que se diz católico, vê ali triunfar a apostasia e todo tipo de vício. O que ele faz? Qual é a sua missão?
Deve converter os sábios. Missão árdua! Deve converter os poderosos e ricos. Milagre! Deve converter até o sacerdote. Obra divina!
Deve combater, ciência com ciência, eloquência com eloquência, com os falsos doutores e os falsos oradores, com os filósofos que creem de possuir a quintessência da luz; e precisa de dotes muito especiais para ser escutado.
Deve lutar com o braço estendido contra os espíritos fortes e indiferentes que qualificam de fanatismo a sua missão e deve preparar-se para receber insultos, escárnios e desprezos.
Deve lidar com um grupo político-religioso de reformistas, que jogando com intrigas, mentiras, imposturas e calúnias o envolverão nas redes da política e o combaterão como uma pessoa partidária; e por isso deve ter a paciência, a constância e a magnanimidade dos mártires.
A incredulidade já invadiu todas as nações cultas e civilizadas, e deve apresentar-se armado, não só de doutrinas, mas de coragem e vigor para sofrer a prisão, o exílio e a morte, prevendo que será tratado e perseguido como ímpio, como fanático e fanatizador, como inimigo das artes e das ciências, em suma, como um malfeitor; e será atacado em nome de Deus, da Religião, da virtude e da moral, como se fosse um blasfemo, um incrédulo, um homem vicioso e corrompido. A pregação do Evangelho, feita numa forma conveniente e devida, é exposta nas nações católicas aos mais terríveis combates, pois deve defender, a partir da cátedra da verdade, não só a fé católica, que é desafiada por todos os lados pela filosofia moderna, mas também todas as outras virtudes cristãs e os princípios da sã moral nas quais estas se apoiam. “
PARA REFLETIR:
1) Qual a diferença entre plantar a fé e arraigar a caridade, segundo o beato Palau?
2) Quais as características dos cristãos que pertencem ao mundo?
3) Qual a missão e quais os desafios de quem anuncia o Evangelho?
4) Estou disposto a sofrer por Cristo, assumindo a missão que ele me confiou?
- Fonte: Meditazioni quotidiane con i Santi del Carmelo, Edizioni O.C.D, p. 548s ↩︎