Santa Teresa e a esperança

Nos números 1817 e 1818, o Catecismo da Igreja Católica define a esperança:

“A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo.”

 “A virtude da esperança corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo o homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens, purifica-as e ordena-as para o Reino dos céus; protege contra o desânimo; sustenta no abatimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O ânimo que a esperança dá preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.”

Tendo em mente o que diz o catecismo, meditemos sobre a esperança a partir das palavras de Santa Teresa.

1. Deus é a esperança do pecador:

    Ó minha esperança, meu Pai, meu Criador e meu verdadeiro Senhor e Irmão! Quando penso no que dizeis, que o vosso deleite é estar com os filhos dos homens, a minha alma se enche de alegria. Ó Senhor do céu e da terra! São palavras tais que nenhum pecador, em virtude delas, pode perder a confiança. Por acaso, Senhor, vos falta alguém com quem se deleitar para virdes buscar um verme tão repugnante como eu? A voz que se ouviu durante o batismo de Jesus dizia que Vós vos deleitastes em vosso Filho. Somos, portanto, todos iguais a ele, Senhor? Oh, que misericórdia imensa, e que favor infinitamente superior aos nossos méritos! E pensar que nós, mortais, esquecemos tudo isso! Meu Deus, lembrai-vos da imensa miséria humana e não esqueçais a nossa fraqueza, vós que tudo sabeis.” (Exclamação 1)

    2. A esperança fortalece a fé e aumenta o amor:   

    “Estando eu, pois, nessa grande aflição, não tendo ainda começado a ter visões, ouvi estas palavras: “Não tenhas medo, filha, sou eu e não hei de te desamparar; não temas”. Isto bastou para me tirar toda a angústia, dando-me inteira paz. No estado em que me via, penso que necessitaria muitas horas para me restituir o sossego, e ninguém seria capaz de o conseguir. E eis-me aqui, só com as referidas palavras, sossegada, com fortaleza, com ânimo, segurança, com tal quietude e luz, que num momento vi minha alma transfigurada, parecendo-me que me sustentaria contra todo o mundo a convicção de ser Deus quem falava. Como Deus é bom! e quão poderoso! Dá não só o conselho, mas também o remédio. Suas palavras são obras. Valha-me Deus, e como fortalece a fé e aumenta o amor!” (Livro da Vida 25,18).

    3. A esperança é impulso à missão:

    “No curso destas fundações, não conto os grandes trabalhos das jornadas, os frios, as soalheiras, as neves, que por vezes caíam sobre nós dias inteiros. Ora nos acontecia perder o caminho; ora me sobrevinham doenças consideráveis ou febres, porque, glória a Deus, de ordinário tenho pouca saúde; mas claramente via que Nosso Senhor me dava forças. Acontecia-me algumas vezes, nas vésperas de uma fundação, achar-me com tantos males e dores, que me afligia em extremo, parecendo-me que mesmo na cela só poderia estar deitada. Voltava-me então para Nosso Senhor e queixava-me, perguntando-lhe como queria que eu fizesse uma coisa acima de minhas forças. Depois, em meio dos trabalhos, recebia alento do Senhor, e, com o fervor e solicitude que Sua Majestade me punha na alma, posso dizer que me esquecia de mim.” (Fundações 18,4)

    4- O Reino é o objeto da esperança:

    “Há, porém, momentos em que o Senhor, vendo-nos cansados, nos dá um sossego das faculdades e uma quietude da alma que nos fazem perceber claramente, como por sinais, um pouco daquilo que recebem os que o Senhor leva ao Seu reino. Ele concede aos que estão aqui, de acordo com o pedido, penhores que lhes permitam ter grande esperança de ir gozar eternamente o que gozam aqui gota a gota.” (Castelo 30,6)

    “Ó meu Esposo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem! Como é possível menosprezar a graça de lhe pertencer? Louvemo-lo, minhas irmãs, por nos ter concedido isso, e nunca deixemos de glorificar um Rei e Senhor tão grande que nos prepara um reino sem fim em troca de pequenos sofrimentos que amanhã deixarão de existir e que, além disso, são aliviados por mil alegrias. Que ele seja bendito para sempre! Amém. Amém.” (Fundações 31,47)

    5- A esperança é paciente:

    “Nada te perturbe, nada te assuste, tudo passa. Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta. Só Deus basta!” (Poesia IX)

    PARA REFLETIR:

    1-O que o texto me ensina sobre a esperança?

    2- Transforme em em oração o que foi meditado.

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