Peregrinos de Esperança
NO CORAÇÃO DO CARMELO, JANEIRO DE 2025
Começamos o Ano Santo do Senhor de 2025, ano jubilar, convocados pela Igreja a vivermos como peregrinos de esperança. Esta deve sempre orientar os nossos passos, firmados na fé e dirigidos à caridade, ou seja, ao amor a Deus e ao próximo.
Trazemos um texto1 de uma testemunha de esperança, o beato Ângelo Paoli,O.C, o “pai dos pobres”, celebrado dia 26/01. Sua vida distinguiu-se pelo amor para com os mais necessitados de Roma, no séc. XVII. Seu testemunho é um sinal de esperança no passado e no presente, é um sinal do Reino de Deus já aqui, é um convite para hoje sermos também testemunhas de fé, esperança e caridade.
Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção neste ano-novo que inicia, para que possamos nos voltar aos pobres e ser uma bênção para eles. Beato Ângelo Paoli, rogai por nós!
Se houvesse movido uma mão, ou dado algum passo, e não houvesse feito por amor a Deus, me consideraria o homem mais ingrato do mundo, porque só o amor nos impele a servi-Lo.
É necessário amar a Deus de todo o coração e com toda a nossa alma, e amar ao nosso próximo, sobretudo os mais pobres, e assim não se sente nem frio, nem se tem medo. Quanto padeceu Deus para nos libertar da escravidão do demônio e dar-nos a veste do Paraíso? E nós, não queremos padecer um pouco de incômodo, de frio, ou de calor, no serviço de Deus na pessoa dos pobrezinhos, e principalmente daqueles que estão enfermos? Deveríamos tremer de frio por causa do maldito pecado, que mata a alma e a priva da formosa graça de Deus.
Eu reconheço nestes pobres a pessoa mais importante que existe, ou seja, Nosso Senhor Jesus Cristo; portanto, quando estou ocupado no serviço deste grande Senhor, não devo atender a outras pessoas.
Quem combate contra os pobres, luta contra Deus, porque neles se há de reconhecer o Deus bendito. E assim como os grandes deste mundo não são tratados com ameaças ou maus tratos, mas, se ocorre algo, são corrigidos com respeito, assim se deve agir com os pobres, sem desrespeitá-los ou maltratá-los com atos e palavras. Quando necessário, devem ser corrigidos com caridade e respeito.
Somos todos iguais diante de Deus. No mundo se fazem diferenças, mas na outra vida, aquele que mais bem fez nesta terá mais mérito diante de Deus. E já que todos somos filhos de um Pai que tanto ama, também devemos nos amar uns aos outros. Onde estão os pobres, ali está Deus. Quem busca a Deus deve ir encontrá-lo nos pobres. Ele é encontrado na enfermidade e na pobreza.
Dai esmolas onde quiserdes: Deus agradece a obra de caridade em qualquer lugar e das mãos de qualquer pessoa.
Tende por certo, se desejamos que a caridade seja agradável a Deus, que é necessário fazê-la secretamente e sem vanglória. Quando se faz caridade, é necessário que uma mão não veja o que faz a outra. (…)
Quanto maior é o número dos pobres, tanto maior é a Providência. Venham, pois quantos pobres há em Roma, pois não me incomodam: porque quantos mais vierem, tanto mais a santa Providência de Deus me envia os meios de provê-los… Quando se tem confiança em Deus, sua santa Providência não falta nunca: eu tenho um grande provedor e uma grande despensa, e, portanto, darei aos pobres o quanto tenha, porque tenho uma esperança firme em Deus que cada dia me aumentará de acordo com o que necessitar.
A pobre gente deve ser bem paga; e em se tratando delas, não se deve estar apegado ao lucro.
PARA REFLETIR:
1) O que mais me chama a atenção nas palavras do Beato Ângelo Paoli?
2) Reconheço a presença de Deus nos pobres? Como os trato?
3) Como ser sinal de esperança em meio aos sofredores?
4) Quando pratico a caridade, creio na providência divina?
- Fonte: Liturgia das Horas Carmelitana ↩︎